
Um dos espaços mais importantes voltados para a cultura negra da cidade, a Casa do Benin foi reaberta para visitação após cerca de oito meses fechada por conta da pandemia do novo coronavírus. Na reabertura, que aconteceu nesta quinta-feira, além da exposição permanente com o acervo do espaço, composto por peças adquiridas por Pierre Verger em expedições à Costa do Benin, o público conta com a mostra temporária Artes do Crer, com acervo do Museu Afro-Brasileiro da Ufba.
A Casa do Benin vai funcionar, inicialmente, de segunda a sexta, das 10h às 16h, e as visitas devem ser agendadas previamente pelo telefone 3202-7890 ou pelo e-mail casadobenin@salvador.ba.gov.br. A capacidade é limitada a 20 pessoas por horário, cumprindo os protocolos sanitários vigentes. O público pode visitar Artes do Crer até o dia fevereiro de 2021.
Organizado pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), a exposição Artes do Crer marca a retomada da Casa do Benin juntamente com a celebração da Consciência Negra. O órgão, vinculado à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), preparou uma programação especial nos espaços culturais, entre os dias 18 e 28 de novembro.
Além da Casa do Benin, os Espaços Culturais Boca de Brasa vão abrigar exposição, diálogo, cineclube, palco aberto, stand up comedy, entre outras atividades.
Confira a programação especial que foi preparada para celebrar a semana da Consciência Negra:
Sexta (20) 16h – Cineclube Boca de Brasa Cajazeiras – Especial Dia da Consciência Negra com exibição dos curtas-metragem: Lápis de Cor (foto no destaque), de Larissa Fulana de Tal e Pode me chamar, de Nadí de Déo Cardoso. Evento Virtual.
Sábado (21) 19h – Palco Aberto Boca de Brasa Cajazeiras: Especial Noite da Consciência Negra. Evento Virtual.
Sábado (21) 19h – Cineclube Boca de Brasa – Muncab: homenagem ao ator Antônio Pitanga, e exibição do filme Quando a Chuva Vem?, seguido do bate-papo com o diretor Jefferson Batista, mediado pelo curador Lecco França. Evento Virtual no link https://cutt.ly/mhwizj4
Sexta (27) 19h – O Boca de Brasa – Cajazeiras apresenta o Stand Up Comedy: Humor de Preto, com Raoni Beta, Hamilton Júnior, Jão Coutinho, Mateus Nascimento e Ivan Santos.
Sábado (28) 19h – continuam as homenagens ao ator Antônio Pitanga com exibição do filme A Piscina de Caique e bate-papo com o diretor Raphael Gustavo e mediação do curador Lecco França. Evento Virtual no link https://cutt.ly/mhwizj4.
Documentário “Festa de Iemanjá” terá exibição gratuita por 24 horas
Odoyá! Todos os anos, um ritual de fé e devoção se repete no mar da Bahia: dia 2 de fevereiro, uma multidão de fiéis – adeptos do Candomblé e admiradores – vai até a praia de Santana, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, para saudar Iemanjá, a Rainha do Mar. Patrimônio imaterial de Salvador, a festa acaba de ser retratada no documentário Festa de Iemanjá (2020, 42’), com roteiro e direção da cineasta Fabíola Aquino. O doc conta com financiamento da Fundação Gregório de Mattos (FGM), integra as ações de Salvaguarda da Festa de Iemanjá e faz parte das comemorações pelo mês da Igualdade Racial. A primeira exibição do filme ocorrerá na sexta-feira (20), e ficará disponível no Canal do YouTube da Fundação por 24 horas (das 8h do dia 20 às 8h do dia 21), dentro da programação do #ConexãoFGM.
Para conduzir a narrativa e recontar a história de uma das maiores festas populares do Brasil dedicada a um orixá, que congrega adeptos de todo o mundo para reverenciar a Mãe Iemanjá, pescadores, moradores do bairro, devotos e pesquisadores apresentam depoimentos a partir de variadas perspectivas. Carregado de imagens belíssimas da festa e de um simbolismo genuinamente afro-baiano, “Festa de Iemanjá” traz depoimentos de quem acompanha a festa desde o século passado e de novos adeptos. Resgata, por exemplo, informações sobre o surgimento das devoções à Rainha das Águas e a mitologia sobre Iemanjá, considerada a mãe de todos os orixás, também conhecida por Sereia, Janaína, Marabô, Inaé, Senhora das Cabeças, Dandalunda….
Live e exibição – O Canal #ConexãoFGM, disponível no YouTube da Fundação Gregório de Mattos, fará uma live de pré-lançamento do documentário “Festa de Iemanjá”, na quinta-feira (19), às 19 horas, aberta a todos os interessados. A mediação será feita por Gabriella Melo, gerente de Patrimônio Cultural da FGM, e contará com as presenças de Fernando Guerreiro, presidente da FGM, Milena Tavares, diretora de Patrimônio e Humanidades, Élcio Silveira, presidente interino da colônia de pescadores Z1 (Rio Vermelho), e a diretora e roteirista do documentário, Fabíola Aquino. Para evitar aglomerações, por causa da pandemia mundial causada pelo coronavírus (Covid-19), ainda neste mês de novembro serão realizadas outras exibições gratuitas, em ambiente virtual.
Feliz com a finalização do documentário, Fabíola Aquino diz que o filme é a materialização de um desejo antigo de produzir obras que evidenciam o culto aos Orixás. Filha de Iemanjá, a diretora viu na oportunidade uma forma de também reverenciar a sua fé e contribuir para desmistificar o candomblé com um filme sobre a Rainha do Mar. “Espero que chegue ao público a emoção que captamos, os cantos e encantamentos do entorno da Festa de Iemanjá e que todos sejam preenchidos de muita amorosidade e esperança. Evidenciar a cultura negra e, em especial, uma divindade feminima, uma deusa eco-feminista, é motivo de grande realização”, confessa.
O presidente da FGM, Fernando Guerreiro, em depoimento para o documentário, chamou a atenção para um tema que merece ser combatido: a intolerância com as religiões de matriz africana. “Na Bahia, você ter intolerância religiosa é patético e vai de encontro à própria cidade. Eu cresci numa casa em que minha família sempre esteve aberta para todas as crenças, e sempre para o bem. Essa é uma característica natural de Salvador, uma cidade que mistura tudo. A intolerância religiosa, que é uma coisa absurda, briga contra a identidade da cidade!”, desabafa.
Fé e devoção – A jornalista e ajuê do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, Silvana Moura, acompanha a festa há alguns anos e concedeu um depoimento emocionado. “A gente vem do Garcia, em procissão, e no Dique do Tororó, fazemos uma oferenda para Oxum e Nanã, que também são divindades das águas. De lá seguimos para o Rio Vermelho, para homenagear Iemanjá. É uma festa incrível, que me toca muito, não apenas por eu ser do candomblé. É uma festa que reúne crentes, budistas e ateus, cultuando a força das águas. Iemanjá é para a gente amar! É aquela que nos dá o alimento”, destaca.
Sinopse – Festa de Iemanjá narra o surgimento, há quase um século, dessa manifestação da cultura de Salvador. É organizada e protagonizada por pescadores, pelo povo de santo do Candomblé, da Umbanda, outras religiões e, inclusive, ateus, no bairro do Rio Vermelho, no dia 2 de fevereiro. O filme traz as transformações, pertencimentos, a salvaguarda da louvação à divindade de matriz africana, em crescente visibilidade da cultura ancestral. Em 2020, obteve registro especial como patrimônio imaterial de Salvador.
Calendário de Exibições (novembro/2020):
· Exibição 1: Canal do YouTube da FGM no dia 20/11, disponível por 24 horas (das 8h do dia 20/11 às 8h do dia 21/11 (live e bate-papo sobre o filme com a cineasta Fabíola Aquino, no dia 19/11, às 19 horas);
· Exibição 2: Cineclube ABI, dia 24.11, às 19h, inscrições pelo Sympla;
· Exibição 3: Cineclube CIEG, dia 25/11, às 17h, com inscrições pelo Sympla;
· Exibição 4: Youtube Redes Muncab – Cineclube Antônio Pitanga – Boca de Brasa, às 19h;
· Exibição 5: Cine Janela, dia 29/11, às 20h, via Instagram.
Serviço
O que: Lançamento virtual do documentário Festa de Iemanjá (com disponibilização gratuita por 24 horas) e live de pré-lançamento;
Quando: Exibição nasexta-feira (20), pelo YouTube, e live de pré-lançamento na quinta-feira, às 19 horas;
Onde: Canal do YouTube da FGM;
Textos: Ascom FGM/Agência de Notícias Casa do Benin e Clube Press Comunicação/Marcos Paulo Sales
Fotos: Lápis de Cor, filme de Larissa Fulana de Tal, na programação desta sexta, 16h, no Cineclube Boca de Brasa Cajazeiras – Especial Dia da Consciência Negra
Divulgação, Reprodução e Reprodução/Mafro
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