Itapuã era somente uma vila de pescadores e um grupo de mulheres negras já lutava pela subsistência de suas famílias, lavando roupa com o objetivo do ganho para conquistar a libertação, comercializando peixes e quitutes. São estas ancestrais que vivem até, hoje, na manifestação Ganhadeiras de Itapuã, cantadas pela Viradouro, e campeãs das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, em 2020.
A Viradouro mostra mais uma vez o que é que estas baianas têm, neste sábado, no desfile que reúne as seis preferidas do exigente jurado da competição. A apresentação começa às 21h30 e acontecerá na ordem inversa da colocação final, ou seja, da sexta para a primeira colocada. Na apreciação deste ano, ao contrário da edição anterior, prevaleceu menos o fator engamento político, diante de temas mais universais.
Com referências que atravessaram séculos, o trabalho cultural das Ganhadeiras de Itapuã inspira muita gente. Para criar a coreografia que apresentou na edição do Samba Zouk Feira, em 2018, os dançarinos Ayrla Casais e Eressom Ribeiro se debruçaram sobre elementos que compõem a atuação do grupo. No vídeo abaixo, a apresentação que fizeram no evento, com trilha que faz remix de Canto da Lavadeira e Prelúdio das Águas.
“Treinávamos com músicas das Ganhadeiras, é mágico”, narra Eressom. Ele explica que as músicas do trabalho de pesquisa que a dupla realizou no ano passado são do grupo, “mas a dança tem o mix da Bahia, puxada de rede, dança dos orixás, capoeira, samba de roda. O que definimos como ‘Bahia da diversidade'”.
“A nossa ideia é valorizar o samba da Bahia, que é o samba de recôncavo, o samba de roda, o samba de pé no chão. Utilizamos desde das músicas como também movimentos de samba de roda em união com o samba de gafieira”, detalha a também professora da Casais Scholl Dance, Ayrla. Veja mais do estilo da dupla, no vídeo abaixo, do canal Respire Dança:
Prêmios e reconhecimento – As Ganhadeiras de Itapuã ganharam o Prêmio Culturas Populares – Mestre Duda 100 Anos de Frevo, do Ministério da Cultura, sendo uma das iniciativas exemplares das culturas populares do Brasil reconhecidas no país e internacionalmente.
As componentes lançaram, em 2014, um disco com título homônimo, reunindo músicas que refletem a cultura dos afrobaianos, o candomblé, destacando, como na fé, o valor da presença feminina, o cuidado com o meio ambiente e com as crianças. O grupo conquistou a 26ª edição do Prêmio da Música Popular Brasileira, vencendo nas categorias Melhor Grupo e Melhor Álbum Regional.
Foto: Reginaldo Sauza
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