Praticantes da modalidade física estão ocupando praias, praças e condomínios das cidades baianas, em busca de exercício, diversão e novos amigos
Claudia Pedreira
Priscila Felipe, Fábio Pimenta e acervo pessoal
Os números impressionam. O Campeonato Baiano de Baleado reuniu 35 equipes de Salvador e de cidades do interior baiano (além de visitantes de Brasília e do Rio de Janeiro), na quadra esportiva do Colégio Antônio Vieira, no domingo, dia 23, recolhendo duas toneladas de alimentos para doações a entidades. Esse batalhão de competidores do torneio treina, em sua maioria, em espaços abertos como a Praia da Paciência e a praça do Imbuí, onde quem chega é bem recebido, mesmo quem ainda não sabe jogar.

Bairros como Ribeira, Le Parc, Cajazeiras, Itaigara e Rio das Pedras já têm seus times organizados, com atletas com idades a partir dos 15 anos. “O baleado é um esporte extremamente inclusivo, integrativo. O respeito e o amor são palavras base para levarmos neste caminho”, considera a publicitária Larissa Lomanto, presidente da Federação Baiana de Baleado. A FBBAL, a primeira federação de baleado, no país, foi oficializada em 2017.
“A FBBAL, para mim, é um sonho de criança realizado. Sempre quis trabalhar com algo ligado ao esporte e nunca imaginei que, depois dos 40 anos, estaria envolvida com algo tão apaixonante quanto o Baleado”, diz a administradora de empresas Alessandra Aguiar, que dirige a organização ao lado de Larissa.

Alessandra complementa que o que antes era uma brincadeira de criança, agora se torna um esporte sério e também uma terapia para muitas pessoas. E como destaca Larissa, o baleado é uma prática muito barata, que só necessita de um espaço e uma bola, portanto acessível a todos. Só precisa ter garra. O time Bad Boys, de Feira De Santana, divulga treinar “em uma praça pública fora de uma quadra, seja no sol ou na chuva, de dia, de noite”.

Empolgante – Mais do que torneios, a FBBAL foca a importância do jogo como atividade física empolgante, aliada à qualidade de vida e ao estímulo à convivência social. Os jogos promovem amizades e fortalecem vínculos. O time As Sapekas, de Feira de Santana, por exemplo, reúne três gerações de jogadoras – mãe, filha e neta.
Em Salvador, com uma rotina bem ocupada no trabalho durante o dia, a psicóloga Marise Andrade não fica quieta nos momentos de folga: adora pedalar bicicleta e jogar baleado toda terça à noite, na Praia da Barra. Ela conta que jogou muito baleado na infância e que foi despertada para o trabalho da federação pelo Instagram (@fbbaleado), onde viu fotos de treinos e torneios. “Mandei mensagem, perguntando como fazia para participar. Me disseram que bastava eu ir lá na Barra, onde novos membros são recebidos”, recorda-se a jogadora e voluntária nas ações beneficentes do grupo.

Copa – De acordo com o Mapa do Brincar da Folha de S. Paulo, o Baleado é um tipo de queimada. Para brincar, os jogadores se dividem em duas equipes que tiram, no par ou ímpar, quem começa com a bola. O objetivo é balear o time rival, do joelho para cima. Quem for atingido vai para o mofo, desfalcando seu time.
Sem precisões históricas, o Baleado pode ter surgido na Colômbia ou nos Estados Unidos, onde acontece uma copa mundial de “Dodgeball”. Na Europa, as disputas entre países é acirrada. O brasileiro Adriano Vilar integrou o time irlandês na Copa Europeia de 2016 e disse à Elizabeth Gonçalves, do e-dublin, que no Brasil se joga mais por diversão, pois não existe incentivo. “Para piorar, já vi muitos casos no Brasil que esse esporte gera até preconceito – se você joga queimada, ou você é mulher ou você é gay”.
Com o objetivo de aglutinar de forma séria homens e mulheres do Baleado, a FBBAL investe em um cronograma com campeonatos, ligas, copas e torneios nas praias, quadras, escolas e ruas, além dos projetos sociais, de formação e propagação do esporte para aqueles quem ainda não o conhece e para comunidades carentes. O telefone de contato da presidente Larissa Lomanto é (71) 98658-1970.
Times baianos
Se você se interessa por Baleado, veja abaixo quantos times já estão organizados na Bahia!
Alpha Baleado Clube (Feminino). Salvador. Participantes: 14. Fundação: 2018. Idade: de 26 a 40
As Felinas (Feminino). Feira de Santana. Participantes: 13. Fundação: 2016. Idade: de 35 a 48. “Somos o time mais perseguido da cidade”
As Fenômenas (Feminino). Feira de Santana. Participantes: 20. Fundação: 2016. Média de idade: 28. “A gente se entende no olhar dentro de quadra”
As Poderosas (Feminino). Santanópolis. Participantes: 16. Fundação: 2017. Idade: de 18 a 45. “Nosso time de baleado teve início a partir de uma aula de dança. Logo após as aulas, íamos pra quadra jogar. Depois tomamos amor pelo esporte”
As Rainhas do Baleado (Feminino). Itubera. Participantes: 15. Fundação: 2018. O time participa de projeto social SCFV. Idade: 15 a 27. Campeã e Bicampeã na cidade, em 2018
As Sapekas (Feminino). Feira de Santana. Participantes: 20. Fundação: 2016. O time realiza ação social no condomínio onde treina, por meio do Baleado Kids. Idade: de 20 a 30.
Baleô Fitness (Feminino). Camaçari. Participantes: 30. Fundação: 2016. Média de Idade: 35
Base Feminina (Feminino). Macaúbas. Participantes: 13. Idade: 16 a 31. Fundação: 2018
Cactus (Feminino e Masculino). Feira de Santana. Participantes: 50. Fundação: 2018. O time nasceu de um projeto social. Idade: de 11 a 40. Campeão do Interbal na categoria Juvenil com um mês de treino
Baleado Colorado (Feminino). Salvador. Participantes: 20. Fundação: Idade: de 25 a 45. O nome colorado foi dado em homenagem ao irmão de Silmara (atleta) que faleceu e tinha um time de futebol chamado Colorado
Fenix – SSA (Feminino). Lauro de Freitas e Abrantes. Participantes: 20. Fundação: 2018. Idade: de 38 a 53. “Nosso amor pelo esporte começou por acaso, em uma brincadeira no campo de areia da casa de uma das nossas atletas. Tivemos vontade de aprender e aperfeiçoar cada vez mais”
Baleado Le Parc (Feminino). Salvador. Participantes: 14. Fundação: 2017. O time participa do Baleado Solidário. Idade: de 25 a 60
TPM – Toca Pra Mim e Pit Bull (Feminino e Masculino). Santa Bárbara. Participantes: 40. Fundação: 2016. Idade: 17 a 40
Bad Boys (Masculino). Feira De Santana. Participantes: 16. Fundação: 2017. Idade: de 17 a 40.
Baleado da Paciência (Masculino). Salvador. Participantes: 14. Fundação: 2018. Idade: de 16 a 38
Multicores (Masculino). Camaçari. Participantes: 16. Fundação: 2009. Idade média: 30. Curiosidade: “Jogamos todo ano na Semana Santa, de saia”
Os Parças (Masculino). Catu. Participantes: 14. Fundação: 2018. Idade: de 17 a 25. O time surgiu a partir de uma proposta da professora Fernanda, que mandou o catálogo da Copa Princesinha do Sertão de Baleado
Time Resgate (Feminino). Salvador. Participante: 12. Fundação: 2017. Idade média: 32. Grupo de amigas de infância que se reuniu para reviver os velhos tempos e entrou no mundo do Baleado
Preto no Branco (PNB). Salvador. Participantes: 14. Fundação: 2017. Idade: de 17 a 30
As Incríveis. Feira de Santana. Participantes: 20. Fundação: 2017. Idade: de 14 a 38
Fúria Baleado Clube. Salvador. Participantes: 10. Fundação: 2017. Idade média: 26 anos
Donos da bola. Macaúbas. Participantes: 13. Fundação: 2018. Idade: de 16 a 30
Águia Baleado Clube. Participantes: 16. Fundação: 2018. Idade: 36. “Somos uma Família”
Baleado do Batom. Salvador. Participantes: 33. Fundação: 2018. Selma Moraes fundou o grupo a partir do Rally do Batom, e se juntou com o grupo da OABelas

Matéria maravilhosa! Parabéns !!
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